A Coopiatã foi fundada no ano de 2016, quando os produtores de café de Piatã perceberam que poderiam ir muito mais longe se unissem os poucos recursos e conhecimentos que tinham até então.

Durante nossa visita, conhecemos Alexandro Silva Santana, um dos fundadores da Coopiatã, proprietário do sítio Santana II, com altitude média de 1340 metros. Você já deve ter percebido como a altitude é um fator muito favorável ao café. Inclusive, Piatã é o município produtor de café mais alto do Norte e do Nordeste.

Alexandro começou nos contando um pouco sobre o começo da cooperativa. Há quase 1 década, os cafeicultores da região não conheciam o universo do café especial e vendiam seus grãos a preço de commodity. Amostras eram sempre enviadas a uma cidade vizinha, Conquista, e recebiam inúmeros elogios. Mas, foi somente em um evento de Piatã, quando receberam 85 pontos ou mais por suas amostras, que perceberam, finalmente, o potencial natural que poderiam estar desperdiçando.

É nesse contexto que nasce a Coopiatã, sem técnicas, sem curso, sem sede… Mas com uma vontade coletiva enorme de prosperar! As primeiras reuniões eram feitas no meio da rua, logo vieram algumas captações, a ajuda de voluntários, que até hoje são de grande auxílio, e o processo foi sendo aperfeiçoado.

Hoje, como nos contou outro cooperado, o Antônio Macedo Souza, mais conhecido como Zinho Sanfoneiro, eles contam com muito mais conhecimento e estrutura. A exemplo disso, a cooperativa possui uma micro usina, composta pelas máquinas de beneficiamento do café, como separador de pedras, peneiras, densimétrica e eletrônica. Antigamente, as coisas eram feitas manualmente, com a peneira e a força do braço.

Assim como seus colegas, Antônio relatou como a cooperativa lhes auxiliou não somente a otimizar o processo, como também elevar o valor dos cafés. Afinal, eles estavam originando cafés especiais e vendendo a preço de commodity, sem nem se dar conta disso. E, em suas próprias palavras, “quem pensava que viria um pessoal de Ribeirão Preto aqui buscar café? (rindo)”.

Alexandro e Renato são os dois responsáveis pelo laboratório de avaliação dos cafés. Como nos disse: “Hoje, sabemos o laudo e a avaliação de cada café para alguém que queira comprar.”

João Roberto Santana, outro membro muito especial da Coopiatã, nos falou, cheio de amor e orgulho, do bom desempenho que eles vêm obtendo nos concursos nacionais e internacionais de café especial, como o Cup of Excellence (COE). Ele mesmo já ficou em 6º e 2º lugares. E o melhor de tudo: o avanço não para, eles estão sempre pensando em melhorar mais.

Os cafés de Piatã estão se espalhando pelo Brasil e pelo mundo. E que bom saber disso! Quanto mais apaixonados por café especial puderem provar dessa experiência incrível no paladar que os cafés diamantinos proporcionam, mais valorizados serão o trabalho desses produtores dedicados e o potencial do terroir baiano.

As primeiras amostras internacionais de café dos cooperados foram enviadas à Austrália. Hoje, a maioria dos cafés vai para os Estados Unidos, Japão, Dinamarca, Portugal e Países Baixos.

Renato, sócio e diretor comercial da Coopiatã, trabalha na comunicação com compradores, mercados e na qualidade e identificação dos lotes. Ele comentou que focam em alta qualidade. A cooperativa, fundada com 35 sócios, dá vozes aos produtores, podendo colocá-los em novos ambientes, sabendo do que falam e tendo bons produtos para apresentar. Seu desejo é que os pequenos produtores possam prosperar, para além da subsistência.

Como diz aquele famoso ditado, sempre que passamos pela vida das pessoas, levamos um pouquinho delas e deixamos um pouquinho de nós. Depois de muito conversar e conhecer na prática o trabalho da Coopiatã, estamos levando conosco uma lição muito importante: a união é a ferramenta mais poderosa de uma sociedade. Somar recursos e multiplicar resultados pode parecer a receita do sucesso, mas o pilar de sustentação desse modelo é a cooperação.

Claro que não poderíamos deixar passar o profundo amor de cada um deles pelo café. É um amor verdadeiro, uma dedicação que não exige esforço de ser feita, uma vontade que supera qualquer ponto negativo da vida que escolheram. Afinal, o café nunca foi um trabalho, é sempre uma escolha de vida.

João Roberto: “O café hoje é a melhor coisa. Eu deixo de tomar um banho para mexer o café. E ficamos cuidando para não dar coisa errada. É amor!”

Gostaríamos de agradecer imensamente por terem nos recebido e permitirem que possamos dividir com todos os assinantes da Veroo um pedacinho da Chapada Diamantina e do amor da Coopiatã. Como vocês mesmo nos disseram, amizades, conexões e pessoas vindas do café têm um valor único. E é por isso que a Veroo existe!